Entender como os americanos gastam o dinheiro é uma forma prática de conhecer melhor a vida cotidiana nos Estados Unidos. Se você está planejando morar, estudar ou trabalhar por lá, esses dados ajudam a montar um orçamento mais realista.
A seguir, você vai ver onde o dinheiro vai parar, como os hábitos mudaram com o tempo e o que dá pra aprender com isso.
As principais categorias de gastos dos americanos
De acordo com o levantamento mais recente do U.S. Bureau of Labor Statistics, os americanos gastam dinheiro em média US$ 77.280 em 2023. Quase 70% dessa quantia vai para cinco categorias:
- Moradia: US$ 25.436 (32,9%)
- Transporte: US$ 13.174 (17,0%)
- Alimentação: US$ 9.985 (12,9%)
- Seguros pessoais e previdência: US$ 9.556 (12,4%)
- Saúde: US$ 6.159 (8,0%)
Outras categorias incluem:
- Entretenimento: US$ 3.635 (4,7%)
- Contribuições em dinheiro: US$ 2.378 (3,1%)
- Vestuário e serviços: US$ 2.041 (2,6%)
- Educação: US$ 1.656 (2,1%)
- Miscelânea: US$ 1.184 (1,5%)
- Produtos e serviços de cuidados pessoais: US$ 950 (1,2%)
- Bebidas alcoólicas: US$ 637 (0,8%)
- Produtos de tabaco: US$ 370 (0,5%)
- Leitura: US$ 117 (0,2%)
Você percebe que moradia e transporte somam praticamente metade de todo o orçamento anual. Isso mostra a importância de ter um bom planejamento antes de se mudar para os Estados Unidos.
Leia mais: Inflação nos EUA: como ela impacta o seu custo de vida e como economizar em 2025
O que está por trás dos gastos com moradia e transporte
Moradia é o item mais caro, e inclui tanto aluguel quanto financiamento, além de impostos, seguros e contas básicas. Mesmo quem já quitou o imóvel continua gastando com manutenção e taxas.
De acordo com o levantamento, os custos de moradia subiram 4,7% em relação a 2022. E não estamos falando apenas de grandes cidades. Em regiões menos urbanizadas, o valor pode parecer menor, mas o aumento acompanha a inflação do país.
Em estados como Nova York e Califórnia, os preços médios de aluguel ultrapassam os US$ 2.500 por mês. Já em estados como Texas e Flórida, ainda é possível encontrar imóveis por valores menores, mas com demandas específicas, como transporte próprio e distâncias maiores até serviços básicos.
O transporte também pesa, especialmente para quem depende de carro. Os gastos envolvem:
- Compra de veículo (média de US$ 48.401 para carros novos em 2024)
- Combustível (média nacional de US$ 3,05 por galão)
- Seguro obrigatório
- Manutenção preventiva e corretiva
- Transporte público em áreas urbanas
Nas cidades grandes, o transporte coletivo costuma ser mais caro. Em lugares menores, o custo aumenta com deslocamentos maiores e menos opções de ônibus ou metrô. Em média, os americanos gastam mais de US$ 13 mil por ano com deslocamentos. Isso representa cerca de 17% de todo o orçamento doméstico.
Alimentação: comer fora ainda pesa no bolso
Os americanos gastaram cerca de US$ 10 mil com alimentação. O valor se divide entre:
- Comidas feitas em casa: US$ 6.053
- Refeições fora de casa: US$ 3.933
A alimentação fora de casa cresceu 8,1% em um ano, enquanto a feita em casa subiu 6,1%. Isso mostra que, mesmo com inflação alta, comer fora ainda é uma prática comum e os americanos gastam dinheiro com isso. Entre os mais jovens, especialmente a Geração Z, isso acontece com mais frequência. Cerca de 26% das refeições deles são feitas em restaurantes ou delivery.
O motivo vai além da praticidade. Muitos veem na comida um tipo de recompensa. Dados mostram que 42% dos americanos fazem compras ou comem fora para se presentear, e 21% fazem isso pelo menos uma vez por semana.
Além disso, a inflação dos alimentos impactou bastante. Entre outubro de 2023 e outubro de 2024:
- Carnes e ovos subiram 1,9%
- Laticínios subiram 1,3%
- Bebidas não alcoólicas subiram 1,7%
Mesmo com alta moderada, a soma mensal ainda pesa. E, ao contrário do que se imagina, o americano médio não cozinha com frequência. Isso faz com que gastos com delivery, restaurantes e fast food ocupem mais espaço no orçamento.
Saúde: gasto inevitável, mas relativamente previsível
O sistema de saúde nos Estados Unidos é privado, e isso reflete nos números. Em 2023, os gastos com saúde cresceram 5,3%, alcançando uma média de US$ 6.159 por domicílio. Isso inclui:
- Prêmios de seguros (que representam até 70% do custo total)
- Consultas médicas e especialistas
- Cirurgias e emergências
- Medicamentos e vacinas
- Exames laboratoriais e preventivos
A boa notícia é que, mesmo com alta dos preços, boa parte dos gastos com saúde é previsível. Para quem tem seguro, há menos surpresas. Para quem não tem, os custos são altos e podem levar ao endividamento.
Os gastos com saúde aumentam com a idade. A média por faixa etária mostra isso:
- Geração Z: US$ 1.354
- Geração X: US$ 5.700
- Baby Boomers: até US$ 7.053
Com o envelhecimento da população e a demanda por medicamentos mais caros, como os da classe GLP-1 (indicados para diabetes e emagrecimento), a expectativa é de aumento de até 8% nos próximos anos.
Seguros e previdência: quase 1 em cada 8 dólares
Gastos com seguros pessoais e contribuições para previdência social representaram 12,4% do orçamento. Esse número cresceu 9,3% em 2023.
Aqui entram:
- Contribuições obrigatórias para a previdência
- Aposentadoria privada
- Seguro de vida e outros seguros pessoais
Quem tem renda mais alta costuma gastar mais com esse tipo de proteção financeira. Já entre os mais jovens ou quem está começando a carreira, essa categoria costuma pesar menos — mas isso pode impactar o futuro.
Com um salário anual de US$ 100 mil, por exemplo, uma pessoa pode gastar entre US$ 10 mil e US$ 12 mil ao ano com esse tipo de proteção. Para quem está se mudando para os EUA, entender o sistema previdenciário e os planos de aposentadoria é essencial, principalmente se a intenção for permanecer no país a longo prazo.
Saiba mais: Entendendo o sistema de saúde americano: dicas para brasileiros
Educação: uma categoria em crescimento rápido
Os gastos com educação subiram 24% em 2023. Isso inclui:
- Mensalidades escolares
- Materiais e livros
- Aulas extras e preparação para testes
Famílias com filhos em idade escolar sentiram esse impacto mais forte. O custo de itens como material escolar subiu quase 40% em apenas um ano.
Se você pretende estudar nos Estados Unidos, é bom saber que:
- O preço médio da faculdade pública, para estudantes de fora do estado, é de mais de US$ 30 mil por ano
- Além da mensalidade, há gastos com moradia, alimentação e transporte
- Os cursos privados chegam facilmente aos US$ 45 mil anuais
- Gastos com livros, seguro saúde, transporte e alimentação completam o orçamento
O impacto dos custos educacionais afeta também quem já está no mercado. Muitos americanos gastam dinheiro ainda pagando as dívidas estudantis anos depois de se formarem. Isso influencia no planejamento de longo prazo, na capacidade de fazer investimentos e até na decisão de ter filhos.
Como os gastos mudam conforme a idade?
A faixa etária influencia muito os hábitos de consumo. Veja a média de gastos por grupo:
- Menos de 25 anos: US$ 46.359
- 25 a 34 anos: US$ 67.883
- 35 a 44 anos: US$ 86.049
- 45 a 54 anos: US$ 91.074 (pico de gastos)
- 55 a 64 anos: US$ 78.079
- 65 a 74 anos: US$ 60.844
- 75+ anos: US$ 53.481
O que muda com a idade:
- Os gastos com moradia diminuem após os 55 anos, pois muitos já quitaram seus imóveis
- Os gastos com transporte caem conforme a pessoa se desloca menos
- Os gastos com saúde aumentam progressivamente
- Os gastos com entretenimento e vestuário também caem
Aos 45-54 anos, há um acúmulo de responsabilidades: filhos, hipoteca, dois carros, plano de saúde mais caro. É o pico do consumo americano. Depois disso, há uma redução gradual, acompanhando a aposentadoria ou diminuição da renda ativa.
Gastos por geração: X, Millennials e Gen Z
Em termos geracionais, os números também mudam:
- Geração X (nascidos entre 1965 e 1980): US$ 83.357/ano
- Millennials (1981–1996): US$ 69.061/ano
- Geração Z (depois de 1996): US$ 41.636/ano
A Geração X é chamada de “geração sanduíche”: cuida dos filhos e dos pais ao mesmo tempo, o que pressiona o orçamento. Já a Gen Z ainda está no começo da vida profissional, então gasta menos, especialmente com saúde e moradia.
Millennials gastam mais com aluguel e alimentação fora de casa. Estão em idade de formar família, financiar imóveis e pagar por creche e educação infantil. Boa parte desse grupo ainda está pagando dívidas estudantis.
A Geração Z mostra um comportamento mais volátil: muitos são impactados pelas redes sociais, fazem compras por impulso e valorizam experiências. Ao mesmo tempo, essa geração também está entre as mais preocupadas com finanças pessoais e poupança.
O impacto da renda e da educação nos gastos
O nível de escolaridade também influencia os gastos:
- Sem ensino médio completo: Gastam quase toda a renda
- Ensino médio completo: Gastam 87% da renda
- Ensino superior completo: Gastam 68,6% da renda e poupam mais
- Pós-graduação: Gastam 62,9% da renda e poupam até 17%
Famílias com maior escolaridade ganham mais, gastam mais, mas também conseguem guardar dinheiro com mais frequência.
Renda média familiar nos EUA em 2023: US$ 101.805. Isso mostra que, apesar dos altos custos, a capacidade de consumo continua elevada, especialmente para quem tem nível superior completo e estabilidade no mercado de trabalho.
Novos hábitos de consumo: e-commerce, redes sociais e endividamento
O consumo online aumentou. Só na temporada de fim de ano, os americanos mais de US$ 211 bilhões online, um recorde. O crescimento veio com ajuda dos descontos, mas também da facilidade de comprar sem sair de casa.
A Cyber Week (entre o Dia de Ação de Graças e a Cyber Monday) somou US$ 35,3 bilhões. Os produtos mais vendidos:
- Brinquedos (como Legos e Hot Wheels)
- Eletrônicos (smartphones, TVs, fones de ouvido)
- Roupas e calçados
- Eletrodomésticos
Isso impacta o orçamento, principalmente para quem usa cartão de crédito. O endividamento das famílias americanas atingiu US$ 17,9 trilhões em 2024. O valor da dívida no cartão de crédito ultrapassou US$ 1 trilhão.
O que isso diz sobre morar nos EUA
Se você está planejando viver nos Estados Unidos, esses dados ajudam a ajustar as expectativas. O custo de vida é alto, mas a renda média também. Moradia, transporte, saúde e alimentação concentram a maior parte do orçamento. Entender esses números te dá uma base para montar um plano realista.
Quem chega com visto de estudante ou de trabalho precisa considerar não só as despesas fixas, mas também as variações por cidade e estado.
Por exemplo:
- Um apartamento em Boston pode custar mais de US$ 2.500 por mês
- Já em cidades menores, como Olympia, o aluguel pode sair por US$ 1.300
- Os custos com transporte, saúde e alimentação também mudam de acordo com a região
Saiba mais: Setores que mais empregam imigrantes nos EUA: onde você pode encontrar oportunidades de trabalho
Se você pretende morar nos EUA, a Morar-EUA te ajuda a se organizar
Entender os hábitos de consumo dos americanos e como gastam o dinheiro é só o começo. Você também precisa de orientação sobre documentos, vistos, validação profissional e planejamento financeiro.
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Conclusão
Entender como os americanos gastam dinheiro é mais do que uma curiosidade — é uma forma de enxergar o estilo de vida nos Estados Unidos. Os dados mostram onde o dinheiro realmente vai parar e ajudam a construir um cenário mais realista para quem está pensando em viver por lá.
Não se trata apenas de converter dólar pra real, mas de compreender as prioridades, os custos fixos e os hábitos de consumo do dia a dia. Seja qual for o seu objetivo — estudar, trabalhar ou apenas entender melhor a economia americana — conhecer esses padrões de gastos te coloca um passo à frente. Afinal, saber onde o dinheiro vai parar é parte do jogo para quem quer viver bem em qualquer lugar.