O que é pertencimento a um país, na prática? Essa pergunta parece simples, mas a resposta depende muito da vivência de cada um.
Para algumas pessoas, pertencer está diretamente ligado a falar o idioma local. Para outras, está no fato de ter nascido no país. Há quem acredite que seguir os costumes locais define se você faz parte daquele lugar ou não. Mas se você já imigrou ou está nesse processo, sabe que a coisa é mais complexa do que parece.
O sentimento de pertencimento a um país envolve mais do que passaporte ou tempo de residência. Ele passa pela forma como você é tratado, como se sente nas interações cotidianas, pela segurança de poder ser quem você é — sem precisar deixar sua história de lado.
Ao longo deste artigo, você vai entender por que o idioma, os costumes, o local de nascimento e o papel das instituições impactam o pertencimento e como esse processo pode ser vivido por quem está construindo uma nova vida nos Estados Unidos.
Fatores que ajudam a sensação de pertencimento a um país
Língua e pertencimento a um país
Falar a língua local é um dos primeiros desafios para quem se muda de país. Mas também é uma das chaves para se sentir parte do novo lugar. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center feita com mais de 65 mil pessoas em 36 países, falar a língua local é considerado o fator mais importante para o pertencimento a um país, mais até do que ter nascido ali ou seguir as tradições locais.
O motivo é simples: você se sente mais seguro quando entende o que está acontecendo ao seu redor. Consegue se comunicar no mercado, no trabalho, no hospital, na escola. Pode participar de conversas, fazer amizades, expressar opiniões. A língua permite que você acesse o cotidiano do lugar, e isso muda a forma como você se vê e é visto.
No entanto, o peso dado à língua varia conforme a cultura. Em Singapura, por exemplo, apenas 25% da população considera muito importante falar mandarim para ser verdadeiramente singapurense. Isso porque o país tem quatro línguas oficiais: inglês, malaio, tâmil e mandarim.
Por causa dessas diferenças, o idioma deve ser visto como ferramenta de inclusão, não de exclusão. Quando usado como barreira, o idioma contribui para o isolamento. Mas quando há acolhimento e acesso à aprendizagem, ele vira ponte para a integração.
Diferenças por idade, ideologia e escolaridade
Ainda segundo a pesquisa do Pew, a percepção sobre a importância da língua varia bastante por faixa etária, orientação política e nível de escolaridade. Pessoas mais velhas e conservadoras tendem a valorizar mais o idioma como símbolo de identidade nacional. Já os mais jovens e progressistas costumam ter uma visão mais flexível.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 71% dos conservadores afirmam que falar inglês é essencial para ser verdadeiramente americano. Entre os liberais, esse número cai para 21%. Esse tipo de dado mostra que o pertencimento, muitas vezes, também é uma questão de disputa simbólica: quem decide quem pertence e quem não pertence?
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Sentimento de ser sempre um imigrante
Muita gente acredita que, com o tempo, o sentimento de ser estrangeiro desaparece. Mas não é bem assim.
A psicologia mostra que o sentimento de não pertencer pode durar anos — ou a vida inteira — se não houver integração de fato. O nome disso é desfiliação social. O sociólogo francês Robert Castel descreveu esse processo como a sensação de estar à margem das estruturas sociais, sem se sentir parte delas.
Esse tipo de desconexão tem consequências práticas: queda de produtividade, dificuldade de criar vínculos, sensação de estar sempre “visitando” o país, mesmo depois de anos morando ali. Mais do que saudade, é a sensação de que seu lugar ainda não está garantido.
E nem sempre isso tem a ver com o comportamento da pessoa imigrante. Muitas vezes, o problema está na forma como a sociedade trata quem vem de fora. Quando há preconceito, barreiras institucionais ou falta de reconhecimento, a experiência se torna ainda mais solitária.
O impacto na saúde mental
O pertencimento tem efeito direto na saúde física e emocional. Estudos mostram que sentir-se deslocado, ignorado ou invisível aumenta o risco de depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas. Um dos sintomas mais frequentes de depressão não é a solidão em si, mas a sensação de não pertencer a nenhum grupo.
Isso explica por que tantos imigrantes relatam dificuldade de adaptação, mesmo quando têm uma vida confortável no novo país. A ausência de vínculos reais, de identificação com o lugar, torna o dia a dia mais difícil. Estar cercado de pessoas não significa estar incluído. Pertencer envolve ser reconhecido e acolhido.
Costumes, tradições e choque cultural
Adotar costumes locais — mesmo os pequenos — ajuda bastante no processo de adaptação. Isso não significa abandonar a própria cultura, mas entender os códigos sociais do novo lugar. Saber como cumprimentar, como se portar em ambientes públicos, o que é considerado respeitoso ou invasivo… Tudo isso faz diferença.
Mas a cultura não é neutra. Em muitos países, quem não segue determinadas tradições pode ser visto como “fora do padrão”. E aí surge o choque cultural. É quando você tenta se encaixar, mas sente que sempre está fazendo algo errado ou inadequado. Isso pode gerar cansaço, insegurança e sensação de fracasso.
A dica aqui é simples: observe, pergunte, experimente. E, principalmente, mantenha sua identidade. Não existe uma forma única de viver a cultura de um país. E você pode, sim, combinar referências sem se anular.
O que dizem os dados?
De acordo com o Pew Research Center, pessoas em países de renda média tendem a valorizar mais os costumes e tradições como fatores de pertencimento. Na Indonésia, por exemplo, 79% da população considera isso muito importante. Já no Japão, o número cai para 23%.
Na Europa, há uma diferença entre países. Agora, na Hungria, 62% acham muito importante seguir tradições para ser “realmente húngaro”. E na Alemanha, esse número cai para 25%. O que isso mostra? Que o pertencimento é também uma construção cultural, e não uma regra universal.
Local de nascimento e identidade nacional
Essa é uma das ideias mais debatidas — e polêmicas — quando o assunto é identidade. Muitas pessoas acreditam que apenas quem nasceu em um país pode se considerar cidadão pleno. Outras defendem que a experiência de vida, e não o local de nascimento, é o que realmente importa.
Nos países com alta imigração, como Canadá, Austrália e Suécia, menos de 10% da população acha que nascer no país é essencial para o pertencimento. Já em nações como Bangladesh ou Sri Lanka, essa percepção ultrapassa os 80%.
O lugar de nascimento, por si só, não garante sentimento de pertencimento. E isso vale para todos. Há quem tenha nascido em determinado país, mas nunca se sentiu parte dele. Assim como há quem chegou mais tarde, mas foi plenamente acolhido.
Escolaridade e ideologia influenciam
Pessoas com menor nível de escolaridade tendem a valorizar mais o local de nascimento como critério de pertencimento. Na Tailândia, 83% das pessoas com baixa escolaridade acham que nascer no país é muito importante. Entre os mais escolarizados, o número cai para 51%.
O mesmo vale para orientação ideológica. Em diversos países, quem está mais à direita do espectro político defende com mais intensidade a importância do nascimento no território. O pertencimento, portanto, passa por crenças sociais e políticas.
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O papel das instituições no pertencimento
Não dá para falar em pertencimento a um país sem olhar para o papel das instituições. O sentimento de fazer parte está diretamente ligado ao acesso a direitos, à forma como as políticas públicas são implementadas e ao reconhecimento da diversidade.
Segundo a professora Miriam Debieux Rosa, da USP, o pertencimento está ligado ao respeito à dignidade, à cultura e às diferenças de cada pessoa. Quando você sente que o Estado reconhece seus direitos, a sensação de estar incluído cresce.
Isso envolve acesso à saúde, educação, moradia, mercado de trabalho e justiça. Mas também passa por representatividade nos espaços de poder, políticas de acolhimento e combate à discriminação.
Quando as instituições falham
A ausência de políticas públicas ou a presença de discursos excludentes geram o oposto do pertencimento: o deslocamento. Pessoas passam a viver em estado de vigilância constante, com medo de errar ou de serem punidas por simplesmente existirem.
Esse ambiente gera angústia, bloqueia o desenvolvimento pessoal e profissional e alimenta a sensação de estar sempre “de passagem”. Por isso, é tão importante que as instituições promovam a inclusão — e não apenas a tolerância.
Como criar seu próprio pertencimento a um país?
Você não precisa esperar que o pertencimento aconteça de forma espontânea. É possível adotar atitudes que ajudam a construir esse sentimento:
- Participe de grupos que compartilham interesses com você
- Aprenda o idioma local, mesmo que aos poucos
- Mantenha contato com suas raízes culturais
- Encontre equilíbrio entre adaptação e identidade
- Procure espaços onde você possa contribuir ativamente
- Busque ajuda profissional, se necessário
- Tenha paciência com o processo
Cada pequeno passo fortalece o vínculo com o novo país. Pertencer não é ser igual. É ser respeitado por quem você é.
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A Morar-EUA sabe que o pertencimento a um país não depende só de visto aprovado. Por isso, o apoio vai muito além da parte jurídica. Com orientação cultural, suporte legal, aconselhamento de carreira e uma rede de profissionais qualificados, a Morar-EUA facilita sua adaptação à vida nos Estados Unidos.
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Conclusão
Em conclusão, pertencimento a um país não se constrói da noite para o dia, nem depende de um único fator. Envolve um conjunto de vivências, relações, escolhas e, principalmente, reconhecimento.
Falar o idioma local, entender os costumes, ser aceito por instituições e formar uma rede de apoio são ações que, somadas, criam essa sensação de fazer parte. E, ainda assim, o processo pode ser instável, cheio de idas e vindas emocionais — especialmente para quem deixou tudo para recomeçar em outro lugar. Você não precisa abrir mão de quem é para se sentir parte de onde está. O equilíbrio entre identidade e adaptação é o que sustenta um pertencimento real.
E, quando esse processo é feito com orientação, acolhimento e suporte, ele deixa de ser uma jornada solitária e passa a ser um caminho mais seguro. Se o destino é os Estados Unidos, a Morar-EUA pode te ajudar a tornar esse caminho mais claro e possível.