O mito da “facilidade” do visto EB-1

Se você está pesquisando sobre formas de imigrar legalmente para os Estados Unidos, é bem provável que tenha esbarrado em vídeos, anúncios ou posts de redes sociais que falam sobre o “visto EB-1”. Muitos desses conteúdos prometem um caminho direto para o Green Card, sem oferta de trabalho, sem burocracia e com retorno rápido. 

Essa apresentação simplificada atrai, principalmente porque o sonho de viver legalmente nos EUA costuma vir acompanhado de urgência e ansiedade. Mas a verdade é que o EB-1 não é simples, nem rápido, nem acessível para a maioria dos brasileiros qualificados.

Neste artigo, vamos destrinchar esse visto. Nada de promessas vazias ou frases de efeito. Aqui o foco é esclarecer: o que é o EB-1, por que ele é tão exigente, qual a diferença entre ele e outras opções como o EB-2 NIW, e como identificar o caminho mais viável para o seu perfil.

Visto EB-1: o que é e por que ele chama tanta atenção

O EB-1 é um visto de residência permanente baseado em emprego. Ele foi criado para atrair profissionais que estão entre os melhores do mundo nas suas áreas. Em outras palavras, ele não é um visto para quem é bom — é para quem é considerado excepcional.

Esse tipo de visto responde a uma lógica do governo americano: trazer talentos que possam gerar impacto imediato e comprovado. A ideia é acelerar a concessão do Green Card para pessoas cujo histórico profissional já fala por si. 

E aí está o ponto: o EB-1 é seletivo por definição. Não há espaço para interpretações brandas ou argumentos subjetivos. Ou você comprova que está no topo, ou não passa.

Apesar disso, o que se vê em muitos anúncios por aí é uma tentativa de empacotar o EB-1 como uma opção democrática, o que distorce o propósito do visto e cria expectativas que raramente se confirmam.

As três subcategorias do EB-1

O EB-1 é dividido em três subgrupos, cada um voltado para um tipo de perfil profissional:

  • EB-1A – Habilidade extraordinária: Para profissionais com realizações excepcionais nas áreas de ciência, artes, educação, negócios ou esportes. Essa subcategoria é a que mais aparece em campanhas publicitárias justamente por permitir que o candidato aplique sozinho, sem depender de um empregador nos Estados Unidos.
  • EB-1B – Professores e pesquisadores reconhecidos internacionalmente: Exige uma proposta formal de trabalho em uma instituição americana, além de comprovações acadêmicas robustas e publicações de alto impacto.
  • EB-1C – Executivos e gerentes de empresas multinacionais: Direcionado para quem ocupa cargos de liderança e está sendo transferido de uma matriz estrangeira para uma filial americana da mesma empresa. É mais comum entre profissionais de grandes corporações com atuação global.

Cada uma dessas subcategorias tem regras próprias, mas todas compartilham um ponto em comum: alto grau de exigência.

Leia mais: Vistos Permanentes nos EUA: Tipos, Benefícios e Como Obter o Green Card

O que faz o EB-1A parecer tão atraente?

O EB-1A chama atenção principalmente por dois fatores: permite aplicação por conta própria (o chamado self-petition), e dispensa o processo de certificação trabalhista (PERM), que costuma ser burocrático e demorado.

Para quem tem uma carreira sólida no Brasil, a ideia de imigrar sem depender de uma empresa americana parece ideal. Você não precisa convencer um empregador a investir em você nem entrar na fila de aprovação do Departamento de Trabalho. Além disso, como não há backlog significativo nessa categoria, o tempo total do processo pode ser menor do que em outros tipos de visto.

Mas é aí que mora o risco. A sensação de autonomia e agilidade esconde o fato de que o EB-1A não é construído para perfis medianos ou em ascensão. Ele exige reconhecimento já consolidado, com provas formais. Quando essas exigências são ignoradas — ou mal explicadas — o resultado é frustração, perda de dinheiro e portas que se fecham para tentativas futuras.

Critérios do EB-1A: o que o governo dos EUA realmente espera

Para se qualificar ao EB-1A, você precisa comprovar ao menos três de dez critérios estabelecidos pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS). E não é só marcar um checklist: cada critério exige documentação detalhada, comprovação concreta e, principalmente, impacto mensurável. Veja os critérios:

  1. Prêmios significativos: reconhecimento nacional ou internacional por excelência na sua área.
  2. Filiação a associações de prestígio: organizações que exigem conquistas excepcionais para admissão.
  3. Publicações sobre você em mídia relevante: reportagens em veículos reconhecidos sobre sua carreira ou conquistas.
  4. Participação como jurado: ter atuado como avaliador do trabalho de outros profissionais da sua área.
  5. Contribuições originais e impactantes: inovações ou projetos que influenciaram significativamente o setor.
  6. Autor de publicações acadêmicas: artigos em revistas científicas, periódicos ou outras publicações respeitadas.
  7. Trabalho exibido publicamente: exposições, apresentações ou projetos em locais de acesso amplo.
  8. Desempenho em papel de liderança: posição de destaque em organizações ou projetos relevantes.
  9. Alta remuneração: comprovação de ganhos acima da média para sua área e região.
  10. Sucesso comercial em artes performáticas: como bilheteria de peças, venda de discos, etc.

O que torna esses critérios difíceis?

A dificuldade do EB-1A está no padrão de evidência. Não basta ter tido um bom desempenho ou ter sido promovido. É necessário demonstrar que você realmente se destaca em relação à média do seu campo de atuação. 

Prêmios precisam ter abrangência nacional ou internacional. Publicações devem vir de veículos amplamente reconhecidos. Participar de um congresso não conta como ter sido jurado ou avaliado de forma formal o trabalho de outras pessoas.

Além disso, a análise feita pelos agentes do USCIS é qualitativa. Mesmo que você envie evidência de três critérios, o avaliador pode entender que seu impacto ainda não é suficiente para conceder o visto. Ou seja, cumprir os critérios mínimos não garante aprovação.

Saiba mais: Visto E2 para brasileiros: como empreender e viver legalmente nos EUA

Quanto custa tentar um EB-1?

O processo completo do EB-1A pode ultrapassar US$ 15 mil com facilidade, considerando honorários, traduções juramentadas e taxas. Sem falar em eventuais correções, pedidos de evidência adicional e custos com reestruturação de dossiês.

Riscos de jogar dinheiro fora

Muita gente aposta no EB-1A sem ter o perfil. Quando vem a negativa, além do prejuízo financeiro, há impacto emocional e até complicações em outras tentativas futuras. Reaplicar não é simples, e uma má primeira impressão pode contaminar o histórico.

Tempo de processamento

Com premium processing, a primeira resposta (I-140) pode sair em até 15 dias úteis. Mas isso é só o começo. Ajuste de status ou entrevista consular podem levar de 6 a 12 meses. O processo completo pode passar de um ano e meio.

Comparando o EB-1A com o EB-2 NIW

O EB-2 com waiver de interesse nacional (NIW) também permite aplicação independente e não exige oferta de emprego. Ele avalia se o trabalho que você desenvolve tem potencial de beneficiar os EUA. O padrão é alto, mas menos restritivo que o EB-1A.

Principais diferenças entre EB-1A e EB-2 NIW

AspectoEB-1AEB-2 NIW
Self-petitionSimSim
Exige prêmio ou mídiaSim (quase sempre)Não necessariamente
ComplexidadeMuito altaAlta, mas mais acessível
Tempo médio12 a 18 meses12 a 24 meses
Rejeição por critério subjetivoAltaMenor, se o plano for bem feito

Para quem o EB-2 NIW faz mais sentido?

Se você tem pós-graduação, experiência consistente e atua em uma área que resolve problemas sociais, econômicos ou ambientais, o EB-2 NIW pode ser uma via mais estratégica. Profissionais de saúde, educação, tecnologia e sustentabilidade costumam ter mais aderência.

Como escolher o visto certo e evitar armadilhas?

Boa parte das negativas no EB-1 vem de aplicações mal orientadas. Assessoria sem preparo técnico apresenta o visto como se fosse um produto de prateleira. A consequência é perda de tempo, dinheiro e moral para tentar novamente.

O que avaliar antes de decidir

  • O que você já conquistou que pode ser medido ou comprovado?
  • Que tipo de reconhecimento você teve — e em qual escala?
  • Seu trabalho atual tem impacto público ou estratégico?
  • Você consegue comprovar liderança, inovação ou influência?

Se a resposta for “ainda não” para muitas dessas perguntas, talvez valha investir tempo em construir esse histórico primeiro. Ou considerar outras rotas, como o EB-2 NIW.

Saiba mais: O sucesso de uma família brasileira nos EUA com o visto EB-1

Conte com a Morar-EUA em sua aplicação

A Morar-EUA não aplica sem antes entender se o EB-1 faz sentido. A análise de perfil é rigorosa e técnica. Isso evita gastos desnecessários com processos inviáveis e aumenta as chances reais de aprovação.

  • 10 anos de atuação no mercado
  • Mais de 6.000 famílias assessoradas
  • 99% de taxa de aprovação
  • 5 escritórios (SP, NY, DC, Miami, CDMX)
  • Time liderado por Roberto Spighel e Dr. Rafael Lamberti

A Morar-EUA cuida de todo o ciclo: análise de perfil, estratégia de visto, documentação, tradução, plano de negócios e acompanhamento até a fase final. Você entende o que está fazendo, por que está fazendo e o que esperar de cada etapa.

Conclusão

O visto EB-1 não é para todo mundo. Não por falta de mérito, mas por conta da exigência técnica e documental que ele envolve. Tratar esse processo como um atalho pode sair caro, no bolso e na trajetória migratória.

Se o seu objetivo é morar legalmente nos Estados Unidos, existem caminhos — mas cada um exige um tipo de preparo. Entender qual rota se encaixa melhor no seu histórico é o primeiro passo. Com uma consultoria como a Morar-EUA, esse passo é dado com mais clareza, menos risco e muito mais chance de dar certo.

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